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MEMÓRIA E JUSTIÇA – ADUFC revisita histórias de resistência ao golpe militar em debate na última quarta-feira (10)

O debate recebeu pesquisadores e pessoas que vivenciaram e resistiram à ditadura militar no Brasil

A ADUFC promoveu, na noite da última quarta-feira (10), o debate “Para que nunca mais se repita: memória e história dos 60 anos do golpe de 64”, revisitando a memória daqueles tempos sombrios a partir de relatos de pesquisadores e de personagens que vivenciaram a época. Mediado pela diretora de Atividades Científicas e Culturais da entidade, Profª. Ana Amélia de Melo, a mesa contou com a Profª. Ana Rita Fonteles (Departamento de História/UFC); o Prof. Airton de Farias, do Instituto Federal de Educação do Ceará; a Profª. Sulamita Vieira, aposentada do Departamento de Ciências Sociais da UFC; e Mário Albuquerque, conselheiro da Comissão Nacional de Anistia.

Essa foi uma das ações realizadas pela ADUFC para evidenciar a memória dos 60 anos do golpe militar no Brasil. “O nome da mesa já é bastante revelador do sentido dela: para que nunca mais se repita. Isso expressa a preocupação em refletir, pensar a memória, conhecer as histórias, os atores políticos e não esquecer”, reforçou Ana Amélia de Melo, lamentando a postura do presidente Lula de se omitir em relação a essa efeméride na tentativa de evitar desgaste político com as classes militares e o Exército brasileiro. 

A Profª. Sulamita Vieira fez um relato pessoal e emocionado sobre sua atuação durante a ditadura, relembrando os tempos em que era estudante do Curso de Ciências Sociais da UFC. Ela dedicou sua fala ao irmão, Walmick Almeida Vieira, e a Bergson Gurjão, Oswald Barroso e Rosa da Fonseca (todos in memoriam), com quem partilhou momentos de resistência, amizade e luta política. “Destaco três vivências na ditadura: falta de liberdade, disseminação do medo e censura. A falta de liberdade funcionou como arma poderosíssima do Estado. Agíamos sempre com um pé atrás ou olhando para os lados. Chegava a ser desesperador conviver com o sentimento de vigilância permanente”, relembrou.

Participação social na ditadura é lacuna a ser estudada

Ana Rita Fonteles apresentou um levantamento sobre os principais temas de pesquisas sobre o golpe civil-militar-empresarial de 1964 desenvolvidos por estudiosos no Brasil. Ponderou que, quase quarenta anos após o encerramento da ditadura militar, ainda há lacunas a serem abordadas. “A gente não enfrentou ainda algumas questões. O governo Bolsonaro, o 8 de janeiro e todas as articulações golpistas nos fizeram pensar com mais atenção em alguns temas, como a participação de militares na política e a imbricação de outros setores da sociedade na manutenção e no apoio ao golpe, como integrantes da elite, empresários…”, citou a docente.

Airton de Farias, por sua vez, discorreu sobre grupos terroristas de extrema direita que atuavam no período sob o argumento de conter a “ameaça comunista”. “O que levou esses civis a fazerem atentados no final da ditadura? Esses jovens achavam que havia um risco de comunização no país, a implantação de um regime marxista. O que moveu essas pessoas, assim como os militares, era o sentimento anticomunista no país”, explicou, acrescentando que bancas de revistas eram alvos de ataques desses grupos por serem enquadradas como aliadas da suposta ameaça comunista. “Jornais nanicos eram tidos como comunistas, assim como revistas eróticas”, disse. Na ocasião, o pesquisador lançou o livro “Explosões conservadoras – Atentados de extrema-direita na abertura da ditadura civil-militar (1980-1982)”, publicado neste ano pela Expressão Gráfica.

Mário Albuquerque destacou a sua atuação em defesa da reparação às pessoas perseguidas, presas e torturadas pelo Estado brasileiro entre 1964 e 1985. Ele ficou preso dos 22 aos 31 anos e relata os prejuízos imensuráveis da clausura de quase uma década, com impactos nas esferas pessoais, profissionais e psicológicas. “Eu me sentia estranho em Fortaleza, estrangeiro (quando deixou a prisão). Enfrentei grandes dificuldades de arranjar emprego, de vivenciar a cidade após a prisão. Havia cartazes que a ditadura colocava com os rostos dos combatentes espalhados em todos os lugares”, ressaltou.

Na Agenda de 2024, a ADUFC resgatou histórias daqueles tempos, destacando equipamentos e iniciativas que contam as histórias de lutadoras e lutadores que resistiram ao terror. Contar e recontar sempre para que essa história nunca mais se repita!

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