Em setembro de 2025, descobriu-se o que provavelmente seja o maior desmatamento da última década na cidade de Fortaleza: a Fraport, empresa alemã que opera o Aeroporto de Fortaleza (Pinto Martins), desmatou de forma ilegal cerca de 40 hectares de Mata Atlântica no entorno do Aeroporto.
O crime ambiental realizado pela empresa tem como intuito a aceleração da construção do projeto Aeroporto Cidade, que tem planos para construir dois galpões, um shopping e um hotel na área da floresta do Aeroporto. Apesar do desmatamento ter ocorrido antes do aval do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a empresa foi multada em apenas R$ 200.000 – valor que não representa metade da multa aplicada aos traficantes na Feira da Parangaba pelo comércio ilegal de 171 animais. Em uma área de 40 hectares de floresta, é possível afirmar a existência de uma fauna diversa com milhares de animais.
Para o biólogo e mestre em Ecologia, Gabriel Aguiar, também vereador de Fortaleza (PSOL) e presidente da Comissão de Meio Ambiente da Câmara Municipal de Fortaleza, existem indícios da existência de uma cadeia de crimes ambientais e impunidade finamente controlada.
“O Aeroporto Internacional Pinto Martins sempre foi rodeado por 160 hectares de Mata Atlântica Preservada, uma área equivalente a mais ou menos 200 vezes o tamanho da arena Castelão, de mata densa, fechada, em estágio avançado de recuperação, que está lá há muitas décadas. Terreno 100% público, da União, assim como também sempre tinha sido pública a gestão do Aeroporto. Porém, em 2017, tudo mudou e uma concessão foi celebrada e a Fraport passou a ser a responsável por gerir o Aeroporto e toda essa área do entorno por 20 anos. E, desde então, a Fraport tem o único objetivo de lucrar aqui na cidade de Fortaleza”, alertou o biólogo em vídeo publicado no dia 10 de outubro.
Além da concessão, a Fraport também conseguiu aprovar na Câmara Municipal de Fortaleza a isenção do pagamento de imposto, ficando desobrigada de contribuir com o IPTU.
A floresta do Aeroporto, por ser uma área de Mata Atlântica avançada, está protegida pela Lei da Mata Atlântica. Além de fauna e flora diversa, existem riachos, nascentes, olhos d’águas e até lagoas, o que deveria, por lei, tornar a área super protegida. “O Aeroporto Cidade é um projeto inviável se houvesse a intenção de seguir a lei”, afirmou o vereador.
A ADUFC repudia o desmatamento ilegal realizado na floresta do Aeroporto e endossa as vozes de que é necessário exigir a responsabilização dos envolvidos, anulação das licenças e reflorestamento da área.


