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QUILOMBISMO – ADUFC recebeu aula magna de Elisa Larkin Nascimento em Fortaleza

(Fotos: Nah Jereissati/ADUFC-S.Sind)

Na última terça-feira (18), o auditório Izaíra Silvino, na sede da ADUFC em Fortaleza, recebeu a masterclass “Abaixo o genocídio do povo negro – Quilombismo como horizonte político” com Elisa Larkin Nascimento. Formaram parte da mesa da atividade também a Prof.ª Sandra Petit (UFC), como debatedora, e a Prof.ª Larissa Gabarra (UNILAB), como mediadora. 

A atividade contou também com a presença de parte do elenco, produção, direção e corpo técnico da peça “Abdias do Nascimento”, que estreia em Fortaleza, no Theatro José de Alencar, no dia 20 de novembro, em duas sessões (18h/20h)

A Prof.ª Eliane Barbosa, primeira-suplente da ADUFC, abriu a atividade acolhendo o público presente, bem como a mesa da atividade, realizou um breve comentário sobre o tema e leu o poema “O sangue e a esperança”, de Abdias do Nascimento. 

“O tema da nossa noite [genocídio] é necessário ainda, infelizmente. E estamos aqui também em celebração ao dia 20 de novembro, em que celebramos a vida de Zumbi de Palmares. (…) A ADUFC recebe vocês com muita alegria hoje”, afirmou. 

A docente relembrou também o recente episódio da chacina ocorrida no Rio de Janeiro pelo aparato de segurança estatal: “Recentemente assistimos aterrorizados aos horrores daquela chacina recente no Rio de Janeiro. Esse não é um episódio único, ou assim um raio em céu azul. Infelizmente essa realidade se faz presente nas nossas vidas aqui no Brasil, nos lugares onde estamos nós, a população negra. São episódios infelizmente muito comuns que requerem uma análise profunda da população e do Estado”, pontuou.

Após a leitura do poema pela Prof.ª Eliane Barbosa, a Prof.ª Larissa Gabarra deu sequência à mediação da atividade, formando a mesa com as professoras Elisa Larkin Nascimento e Sandra Petit

“É muito importante que o sindicato tenha se atentado a esse tema. Eu falo em meu nome e dos docentes das três universidades que este sindicato representa, é um momento muito feliz esta noite. Hoje recebemos duas figuras incríveis com muitos anos de trabalho na luta antirracista, de um ativismo humanista, que fizeram da sua casa essa nação diásporica”, comentou a Prof.ª Larissa Gabarra. 

A professora Elisa Larkin Nascimento é mestre em Direito e em Ciências Sociais pela Universidade do Estado de Nova York e doutora em Psicologia pela USP. Foi parceira do professor Abdias do Nascimento durante os últimos 38 anos de sua vida. Juntos, fundaram, em 1981, o Instituto de Pesquisas e Estudos Afro-Brasileiros (IPEAFRO) – ponto pelo qual Elisa iniciou sua fala na atividade. A professora trouxe também o tema do genocídio a partir de uma perspetiva ampliada, relembrando os diversos tipos de morte aos quais a população negra está sujeita no Brasil, mas que também é preciso contar a história a partir da perspectiva do quilombismo. 

“Muitas mortes são impostas à população negra. A morte psicológica, a morte no sentido da educação, o epistemicídio e tantas outras formas. Mas, através de séculos, nós assistimos esse genocídio contado apenas a partir da escravização dos povos africanos nas Américas pelo escravismo mercantil europeu, que são em mais de 500 anos. Nós temos, em todo esse tempo, também o quilombismo, que é a força incrível da população negra reconstruindo sua vida em liberdade, mesmo em meio a esse genocídio. Essa dialética é o que me parece que caracteriza o trabalho do Abdias do Nascimento”, afirmou. 

A professora apresentou a história de Abdias do Nascimento e da construção do seu trabalho político, a partir de uma série de imagens com registros históricos, capas de livros, entre outros elementos marcantes da sua trajetória, como a luta por ações afirmativas, o projeto do museu de arte negra, entre outros. 

“Eu quero só dizer que esse símbolo ao lado é um Adinkra. Os Adinkras são símbolos que compõem uma escrita da África Ocidental. E esse símbolo que adotamos para o centenário de Abdias do Nascimento são os chifres do carneiro. O provérbio é que o carneiro, quando ataca, não deve fazê-lo com os chifres, e sim com o coração. Quem conheceu e conviveu com o Abdias sabe que, quando ele estava com um problema, ele se guiava pelo coração. E também o símbolo da humildade. Quem conheceu o Abdias sabe também que, apesar de toda a força de energia que ele tinha na defesa dos seus ideais, era uma pessoa fundamentalmente humilde no sentido de respeitar e valorizar o outro. É esse o sentido da humildade que a gente pensa aqui”, afirmou.  

A Prof.ª Sandra Petit trouxe em sua fala o contexto histórico sobre as inúmeras lutas e tentativas para a implementação da lei de cotas no Ceará e no Brasil, que enfrentou grandes barreiras por conta do conservadorismo existente mesmo dentro das universidades. “Esse é um Estado [Ceará] que por muito tempo houve a negação da existência da população negra e indígena. Hoje não temos mais essa negação tão forte porque a luta tem sido muito árdua no sentido de reverter o negacionismo do ponto de vista da questão racial. Brota uma grande esperança quando a gente tem o primeiro Novembro Negro encampado pela UFC”, pontuou. 

+ Assista a mesa na íntegra no canal da ADUFC no YouTube

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