A Diretoria da ADUFC vem manifestar seu mais profundo repúdio e perplexidade diante da atuação do Estado do Rio de Janeiro que, sob o pretexto de combater uma facção criminosa, promoveu uma chacina a céu aberto nos complexos da Penha e do Alemão, na capital fluminense.
Chamada pelo governo estadual de megaoperação, a ação mobilizou mais de 2.500 agentes policiais civis e militares, além de carros blindados, helicópteros e drones, no dia 28 de outubro de 2025, para cumprir 180 mandados de busca e apreensão e 100 mandados de prisão. Ao invés do cumprimento da lei, a operação resultou na maior chacina da história recente do Brasil com, pelo menos, 130 pessoas mortas — número que pode aumentar nos próximos dias devido à quantidade de pessoas feridas e aos corpos que estão sendo encontrados pelos moradores das comunidades afetadas.
A ação desastrosa foi realizada em áreas densamente povoadas, impactando profundamente o cotidiano dos moradores, com o fechamento de escolas, universidades, unidades de saúde, comércio e inviabilizando o sistema de transporte, produzindo pânico e danos físicos e psicológicos à população em geral, em especial às crianças, às mães e à juventude negra e periférica, historicamente objeto da violência extrema estatal. É de se destacar ainda que toda a população da cidade do Rio de Janeiro foi afetada em sua mobilidade e segurança.
A gestão do atual governador, Cláudio Castro (PL/RJ), é responsável por quatro das cinco operações de maior letalidade da história do Estado do Rio de Janeiro, que deixaram cerca de 890 pessoas mortas, o que implica em graves violações do direito à vida e de outros direitos fundamentais, indo na contramão de inúmeros tratados de direitos humanos aos quais o Brasil é signatário, que reforçam a obrigação de o Estado proteger o direito à vida, a integridade física, o devido processo legal e a limitação do uso da força por agentes estatais. É preciso estar atento também às intenções eleitorais da extrema-direita, que é majoritária na política eleitoral do RJ, e utiliza megaoperações policiais como plataformas eleitorais.
Em nota, o Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia Violência, Poder e Segurança Pública (INViPS), ressalta que “é preciso que a sociedade e o Estado brasileiro compreendam que tais ações, em absolutamente nada, evidenciam uma política de segurança pública pensada, planejada ou comprometida em resolver os problemas relacionados ao crime e à expansão de facções criminosas e do poder miliciano”.
A Diretoria da ADUFC expressa sua solidariedade às famílias das vítimas, às comunidades atingidas e aos movimentos sociais e organizações que atuam pela defesa dos direitos humanos, reafirmando o seu compromisso com o povo negro, com a defesa da vida e da dignidade.
Fortaleza, 30 de outubro de 2025
Diretoria da ADUFC
Gestão Democracia e Luta – ADUFC em Movimento
(Biênio 2025-2027)



