Na última quinta-feira (28), os participantes do Letra Viva se reuniram na sede da ADUFC para o sexto encontro do Círculo de Leitura da ADUFC em 2025. O debate girou em torno da leitura da obra “Aldeota”, de Jáder de Carvalho, que foi relançada pela editora da UFC neste ano.
A Prof.ª Irenísia Oliveira abriu as reflexões destacando as possibilidades de percorrer partes da história de Fortaleza e de outras localidades do Ceará, a partir do personagem central do livro, Chicó. “Interessante que, por ser um autor cearense, o livro traz parte da história de Fortaleza e até além, pois o Chicó vai percorrendo outras terras e mostrando vários pedaços da história do Ceará”, pontuou.
Jáder de Carvalho foi jornalista, advogado, professor e escritor brasileiro. Ele nasceu em Quixadá, em 1901, e morreu em Fortaleza, em 1985, aos 83 anos. Com uma escrita na fronteira entre ficção e jornalismo, ele ficou conhecido pela narrativa ousada e crítica social. Aldeota é um romance escrito originalmente em 1963, mas que contém muitas críticas que ainda seguem atuais.
A Prof.ª Célia Gurgel ressaltou, durante o debate do livro, a riqueza das descrições contidas na obra e também a diversidade de palavras utilizadas na narrativa, sendo necessário inclusive um glossário para a melhor compreensão da obra.
“É uma história com muitos personagens, que vai de 1920 até meados de 1962, e e ele vincula a história do Brasil ao que o Chicó faz. O Chicó meio desavisado do que estava acontecendo no Brasil, e aí aparece a ida para a Amazônia, a construção dos açudes, o tema da seca, entre outros. O livro tem um glossário, mas achei até insuficiente, porque existem muitas palavras que pouco se escuta falar”, comentou.
Entre os debates surgidos no Letra Viva a partir da leitura do Aldeota, apareceram também as questões relacionadas às políticas públicas que, no período do livro, eram praticamente inexistentes.
“Uma elite que só explorava os trabalhadores, sem dar de volta nada. Tirava-se riqueza, sem que a riqueza voltasse de nenhuma forma para as pessoas que a produziam. Então, você está roubando, roubando através do trabalho. Se essas pessoas estavam trabalhando, construindo riqueza e não tinham de volta nem educação dos seus filhos, nem saúde, nem previdência social, era a condenação dessas pessoas numa situação de miséria. A miséria toda que a gente vê no livro se deve a isso. E você vê uma elite se construindo sem que haja retorno a essa sociedade que constrói a riqueza dela”, ressaltou a Prof.ª Irenísia Oliveira.
O Prof. Jardel Silveira destacou a denúncia sobre a deformação da cidade, por parte das elites. “E deformando geograficamente uma paisagem, aterrando os rios, isso está tudo ligado, pois do outro lado vemos os flagelados da seca”, complementou o docente.
Os participantes também comentaram durante as reflexões que, se o livro fosse escrito na contemporaneidade, temas como a taxação dos super ricos e a instalação de data centers integrariam o cenário sobre a dinâmica de poder e da luta de classes existentes no Brasil.
No encontro de setembro, o Letra Viva irá debater o livro “As doenças do Brasil”, de Valter Hugo Mãe. A atividade acontecerá na última quinta-feira do mês, 25 de setembro, das 16h às 18h, na sede da ADUFC.
A participação segue aberta, livre e gratuita a todas as pessoas interessadas, sendo apenas necessária a inscrição via formulário.
Letra Viva – Círculo de Leitura da ADUFC
7º encontro – 25 de setembro de 2025 (quinta) às 16h
Livro para debate do 7º encontro: As doenças do Brasil de Valter Hugo Mãe
Inscrições via forms
Atividade aberta, livre e gratuita
Sede da ADUFC | Av. da Universidade, 2346 – Benfica


