(Fotos: Nah Jereissati/ADUFC-S.Sind)
A celebração como estratégia de luta e memória tem se tornado indispensável para fortalecer e amplificar a busca por direitos. Na última sexta-feira (1º), a ADUFC realizou a atividade “Ventos de Simoa”, evento alusivo ao Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e ao Dia Nacional de Tereza de Benguela.
A atividade iniciou com a oficina “Adinkra como Linguagem de Resistência”, facilitada pela artista plástica, professora e mestranda em Arte Educação pela Universidade Federal do Ceará (UFC), Ismênia Isidoro. A oficina propôs a criação de carimbos artesanais a partir de símbolos Adinkra, oriundos de culturas africanas ocidentais, como forma de promover uma vivência artística e antirracista. Utilizando materiais acessíveis como EVA, tecido de algodão cru e tampas de garrafa, os/as participantes produziram estampas autorais inspiradas em símbolos que expressam valores como coragem, união, conhecimento e ancestralidade.
“Gostei muito da oficina e principalmente de estar em conexão com outras colegas professoras, assim como pessoas de outros locais, aqui na sede do Sindicato. É uma oficina que nos permite fazer algumas reflexões sobre as nossas origens, as questões afro-brasileiras e com referenciais afrocentrados. Espero que o sindicato promova mais eventos com essa característica, sobretudo para as mulheres participarem mais”, comentou a Prof.ª Luciana Venâncio, do Instituto de Educação Física e Esportes (IEFES/UFC).
O Ventos de Simoa contou também com uma edição especial da Feira Negra de Fortaleza que trouxe 11 expositoras com marcas de acessórios, perfumaria, vestuário, roupas com tecidos tradicionais africanos, acarajé, sebo de livros, artesanato, entre outras.
Além do tradicional acarajé, o público da atividade pode consumir também um cardápio especial de comidas latino-americanas pensado e executado pelas mulheres do Giardino Buffet. O cardápio contava com opções de comidas do Brasil, México, Colômbia, Argentina, Venezuela e Chile.
A Prof. Eliane Barbosa, primeira-suplente da ADUFC, deu as boas-vindas ao público durante o evento e destacou a importância da celebração da data pela Seção Sindical. “A ADUFC está abrindo as portas, estamos aqui para fazermos mais atividades como estas nesse espaço que é tão bonito, e a gente está querendo receber mais gente, mais professores/as, os/as amigos/as dos professores/as, então, sejam todas bem-vindas”, afirmou.
E complementou: “Este é um dia bem especial, a gente está comemorando o dia 25 de julho, que é o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha e, aqui no Brasil, desde 2014, o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. É importante a gente comemorar esse dia, e o nome do evento é Ventos de Simoa, o que também é muito importante pelo papel que a Tia Simoa teve no Ceará como lutadora lá no final do século XIX, momento em que o Brasil viu nascer uma série de leis e ações governamentais que tentavam matar a população negra. Foi feito, no final do século XIX, um plano de branquear o país e esquecer que um dia o Brasil tinha sido negro, e a população negra foi entregue à sua própria sorte. Mas lá mesmo, no fim do século XIX, muitos líderes negros, mulheres e homens, se levantaram para poder nos libertar”.
Como parte da programação, a atividade contou com o Sarau Negras Poesias que manteve o microfone aberto para a leitura de trechos de obras e poemas de autoras negras latino-americanas e caribenhas, e com a apresentação das mulheres do grupo percussivo Caldeirão da ADUFC que trouxeram músicas tradicionais de coco, boi e ciranda.
O teto do Espaço Cultural da Seção Sindical foi decorado com as fotos e nomes de cerca de 40 mulheres negras latino-americanas e caribenhas que fizeram e fazem história como Lélia Gonzalez, Carla Akotirene, Mercedes Baptista, Miriam Miranda, Na Agontimé, Nidia Góngora, Ochy Curiel, Pocha Lamadrid, Shirley Campbell Barr, Susana Baca, Sylvia Wynter, Teresa Cárdenas, Tereza de Benguela, Tia Ciata, Tia Simoa, Virgínia Bicudo, entre outras.
Com a finalização da apresentação do Caldeirão da ADUFC, a DJ Lua Magnética preencheu o Espaço Cultural com um repertório especial em homenagem às mulheres negras latino-americanas e caribenhas.
