Na última quinta-feira (30), o Espaço Cultural da ADUFC acolheu o 5º encontro do Letra Viva, Círculo de Leitura da ADUFC, para debater a leitura da obra “Ninguém Escreve ao Coronel”, de Gabriel García Márquez.
O encontro iniciou com uma fala de abertura da Prof.ª Ana Amélia de Melo, que leciona História da América no Departamento de História da Universidade Federal do Ceará, situando brevemente os/as participantes do Círculo de Leitura sobre o ambiente histórico retratado na obra.
“O sucesso do García Márquez com Cem Anos de Solidão repercute muito em obras que são anteriores. A Revista Marcha, do Ángel Rama, teve muita importância nessa divulgação [do García Márquez] também. O período do qual se trata o livro [Ninguém Escreve ao Coronel] é muito duro na história da Colômbia, de muita violência, e ficou conhecido historicamente como La Violencia”, afirmou.
Entre os personagens que se destacaram durante o debate do quinto encontro, o galo criado pelo Coronel foi presença constante. A participante Raquel Fernandez achou a história triste e trágica perante as circunstâncias nas quais o enredo se desenvolve.
“Duas coisas me chamaram atenção no livro que eu gostaria de comentar. A primeira é o simbolismo do galo. Desde o começo se fala nele: que é um galo-de-briga, que era do filho… O que será que esse galo significa? Todos os recursos deles são muito limitados e eles seguem alimentando o galo. (…) Imagino que esse galo seja o símbolo da esperança do Coronel. É como se o Coronel não precisasse da comida, mas sim da esperança para continuar um dia após o outro. Seja a esperança de que um dia vai chegar a pensão ou que o galo vai vencer e as coisas vão melhorar. E a outra coisa é a relação dele com a esposa. No começo, me parece que há uma relação cuidadosa com ela, mas, na verdade, essa esposa está em uma situação na qual ela não tem direito à opinião”, comentou.
Para o Prof. Luiz Gonzaga, a interpretação do personagem do galo também tem relação com a simbologia da esperança. “No início, eu pensava que o galo tinha alguma relação mais afetiva com o filho [do Coronel]. (…) Mas o galo tem essa simbologia da esperança, é como se fosse um Plano B”, pontuou.
A partir desses questionamentos, o Prof. Fernando de La Cuadra trouxe para o debate também a ideia de esperança cunhada por Paulo Freire a partir do “esperançar”, construindo uma perspectiva de esperança a partir da transformação coletiva e social, para além das perspectivas somente individuais.
O debate acerca da leitura do livro de García Márquez, perspectivas históricas e obras correlatas seguiu até às 18h no Espaço de Convivência da Seção Sindical.
O próximo encontro do Letra Viva, que acontece no dia 28 de agosto, irá debater o livro Aldeota, de Jáder de Carvalho. A participação é aberta, livre e gratuita a todas as pessoas interessadas, sendo apenas necessária a inscrição via formulário.
Letra Viva – Círculo de Leitura da ADUFC
6º encontro – 28 de agosto de 2025 (sexta) às 16h
Livro para debate do 6º encontro: Aldeota, de Jáder de Carvalho.
Inscrições via forms
Atividade aberta, livre e gratuita
Sede da ADUFC | Av. da Universidade, 2346 – Benfica







