Na última quinta-feira (04), os/as participantes do Letra Viva – Círculo de Leitura da ADUFC se reuniram no Auditório Izaíra Silvino, na sede da seção sindical em Fortaleza, para o seu nono encontro desde que o Círculo começou em março de 2025.
Para o encontro de dezembro, a obra escolhida para o debate foi “Detalhe menor”, da autora palestina Adania Shibli. A Prof.ª Irenísia Oliveira abriu as reflexões do Círculo relatando a densidade e complexidade do livro. “Não é um livro fácil. Esse é um romance que, do ponto de vista da linguagem, tem uma sofisticação. Além de ter uma temática muito forte”, reiterou.
O livro aborda a violência colonial israelense contra palestinos, destacando especialmente a brutalidade de gênero, o apagamento histórico e a dificuldade de acessar a verdade sobre crimes cometidos. Daniel Victor, estudante de Pós-Graduação em Letras, apontou uma metáfora sobre gênero, onde Israel representaria o “masculino” que deteriora a Palestina, o “feminino”. “Lembra uma distopia, mas é real. O absurdo é que se trata de um contexto real”, disse.
A Prof.ª Neyara Araújo, aposentada do Curso de Ciências Sociais, ressaltou como a autora consegue nos aproximar de temáticas tão sensíveis, mexendo com nossos sentimentos e com nossa empatia. “Eu achei impressionante como a literatura consegue ter uma força tão grande, que não está na notícia, de a gente sentir o absurdo da situação, o absurdo dessa violência, e se sentir mesmo”, afirmou.
Elementos da natureza, como o deserto e os animais, contribuem com a atmosfera da obra, que também trouxe reflexões sobre a banalização da violência no contexto de guerras e a desumanização dos sujeitos.
O próximo encontro do Letra Viva em Fortaleza ainda não tem data marcada, mas o livro já está definido: “Ressurreição”, de Liev Tolstoi.

1° Encontro no Cariri
Concomitantemente com o encontro em Fortaleza, o Letra Viva se estendeu até o Cariri, no auditório da sede da ADUFC em Juazeiro do Norte. O Prof. Tiago Coutinho, do Curso de Jornalismo da UFCA, mediou o debate que rendeu reflexões sobre literatura e sobre o genocídio na Palestina.
Segundo o Prof. Tiago, a tendência é que mais pessoas participem dos próximos encontros, dividindo saberes e perspectivas sobre as leituras. “Quando a gente partilha a literatura no coletivo, aquilo que parece ser uma experiência individual, ganha muito mais força quando compartilhada com outras pessoas”, concluiu.
O próximo encontro no Cariri já têm data marcada e livro definido: será no dia 29 de janeiro de 2026, com a obra “Corpo desfeito”, da escritora juazeirense Jarid Arraes.



