(Foto: Equipe Mídium/Dawton Valentim e Marcela Tosi)
Uma biblioteca formada de sonhos da classe trabalhadora: livros, rosas, pão, afeto, alegria, poesia, terra, solidariedade… Essa é o Plebeu Gabinete de Leitura, a biblioteca social e editora que nasceu do amor aos livros e à leitura da Prof.ª Adelaide Gonçalves, docente aposentada do Departamento de História da UFC e ex-presidenta da ADUFC no biênio 1991-1993, e tornou-se um sonho plural dos “plebeus e plebeias” que formam o Coletivo da Biblioteca.
O acervo inicialmente habitava a casa da professora Adelaide, residência que sempre teve ampla circulação de estudantes, sindicalistas, camponeses, professores, trabalhadores e trabalhadoras interessados em estudar sobre os mais diversos temas abrigados nas incontáveis páginas que formavam a biblioteca da docente. No entanto, pela sua magnitude e natureza, e pelo sonho de coletivizar o acesso à batalha das ideias, o acervo tornou-se a biblioteca popular Plebeu Gabinete de Leitura que viveu por 13 anos no prédio da Associação Cearense de Imprensa (ACI), no Centro de Fortaleza.
“Essa biblioteca tem uma inspiração nos salões proletários do século 19. Durante os fins do século 18 e entrando pelo adiantado do século 19, em vários lugares do mundo, e em diversas regiões do Brasil, acanhados, ou menos acanhados, salões proletários, das nascentes uniões operárias, tinham as suas modestas bibliotecas. Tinham os seus modestos locais de convívio proletário e de proclamação do verbo socialista onde se lia o vocabulário anticapitalista. A esses salões, quase sempre, era acoplado uma pequena prensa, uma pequena tipografia onde se editavam os jornais proletários anarquistas, socialistas, comunistas, de matriz várias, mas todos eles convergindo para um único propósito: dizer que o futuro da humanidade ou será socialista ou não teremos futuro”, contou a Prof.ª Adelaide Gonçalves sobre o nascimento do Plebeu durante entrevista ao Podcast Metamorfose.
E complementou:
“Ou seja, é aquilo que a grande pensadora e militante Rosa Luxemburgo dizia nos começos do século 20: socialismo ou barbárie. Hoje, em 2025, estamos vendo que essa proclamação, essa consigna ecoada por Rosa Luxemburgo, é cada vez mais atualizada. Então, o Plebeu tem essa filiação, esse destino de origem e finalidade”.
Uma Casa para o Plebeu
Em 2025, o Plebeu celebra 13 anos dedicados aos livros, pesquisa e formação e inaugura um novo sonho: uma casa que reúna biblioteca, salas de leitura, ateliê da editora, espaços de formação, mostras, debates, cursos, cinema, música e feirinhas da reforma agrária e da soberania alimentar.
Para isso, desde outubro está em circulação a campanha “Uma Casa para o Plebeu”. O intuito é arrecadar fundos para a compra de uma casa que será a nova sede da Biblioteca Social e Editora.
“O autodidatismo é uma das mais belas páginas da história do mundo do trabalho. Do desejo de aprender nasceram tipografias, panfletos e jornais da classe. Surgiram salões de leitura. Foram semeadas bibliotecas e criadas revistas e editoras. A inspiração nesse amplo e belo episódio internacionalista da cultura operária e camponesa nos levou à criação do Plebeu Gabinete de Leitura, em Fortaleza, disponibilizando ao público um vasto acervo de mais de 15 mil livros. Criamos também um selo editorial, que já trouxe à estampa belos títulos, reafirmando nosso compromisso com a difusão do livro e da leitura. Neste momento, a continuidade da ação cultural do Plebeu requer um espaço próprio. Por isso, convidamos todos a participar da campanha Uma Casa para o Plebeu!. A aquisição, em Fortaleza, de uma Casa para o Plebeu é o próximo passo dessa caminhada, e contamos com seu apoio e solidariedade”, expressa o texto divulgado pelo Coletivo na abertura da campanha.
As doações podem ser realizadas através da chave PIX 24.268.949/0001-35 (CNPJ).


Entre livros, lutas e solidariedade
No dia 06 de dezembro, o Plebeu Gabinete de Leitura realiza o lançamento do livro “Che Leitor”. A atividade, que acontece no Centro de Formação Frei Humberto, no bairro São João do Tauape, em Fortaleza, tem início às 16h com a Feira Plebeia com venda de livros de luta e afeto; às 18h tem a apresentação voz e violão “Canta, Liberdade” de Michel Barros; e às 19h o lançamento do livro “Che Leitor”.
“Che Leitor” explora uma face menos conhecida do revolucionário argentino: a de leitor voraz, que tinha sempre uma biblioteca na mente e um livro nas mãos, mesmo nos momentos mais difíceis da guerrilha. O filósofo francês Régis Debray conta que, nas florestas bolivianas, Che ainda levava livros para presentear companheiros e fazia encomendas, a quem fosse viajar para outros países, de títulos que gostaria de ler.
Com textos de diversos pesquisadores, citações de estudiosos e companheiros de vida e trechos retirados dos escritos do próprio Che Guevara, Che leitor se baseia no catálogo da exposição de mesmo nome, que ficou em cartaz na Biblioteca Nacional da Argentina entre outubro de 2017 e março de 2018. Além de uma seleção das fotografias usadas na exposição, a edição brasileira ainda conta com uma carta escrita por Che, de Cuba, para o escritor argentino Ernesto Sabato.
“Pelo menos desde sua adolescência, Che registrava os títulos dos livros que lia em cadernetas hoje conservadas pela sua viúva, Aleida March. São longas listas anotadas com canetas de diversas cores, nas quais comentava e criticava as leituras que iam formando sua visão de mundo e o sentimento de obrigação que o levava a agir.”
A atividade de lançamento do livro faz parte da campanha “Uma Casa para o Plebeu” que receberá parte da renda arrecadada no dia 06 de dezembro.
Lançamento do Livro Che Leitor
06 de dezembro de 2025 (sábado)
Início da atividade 16h (feira de livros + música + lançamento)
Centro de Formação Frei Humberto
Rua Paulo Firmeza, nº 445 – São João do Tauape, Fortaleza






(Fotos: Acervo do Plebeu Gabinete de Leitura)


