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MIGRAÇÃO E DEMOCRACIA — Jornalista Jamil Chade lota auditório da ADUFC com debate sobre geopolítica mundial

(Fotos: Nah Jereissati/ADUFC-S.Sind)

Na noite da última terça-feira (21), o Auditório Izaíra Silvino, na sede da ADUFC em Fortaleza, ficou completamente lotado para ouvir Jamil Chade. O jornalista, que é correspondente internacional desde os anos 2000, esteve na Seção Sindical a convite do ANDES-SN para debater sobre geopolítica mundial e lançar seu livro “Tomara que você seja deportado: uma viagem pela distopia americana”

A atividade teve início com a exibição do curta-metragem “Vida além do trabalho por um Brasil mais justo”, filme realizado pelo ANDES-SN em parceria com a Cajuína Filmes e dirigido pelo cineasta André Manfrim, que integrou a Campanha Nacional em Defesa do Plebiscito Popular e denuncia os impactos da escala 6×1 sobre a classe trabalhadora. 

Após a exibição, a mesa de abertura foi formada pelos docentes Pedro Costa Jr., presidente do SINDUECE; André Ferreira, presidente da ADUFC; e Helena Martins, 1ª secretária da Regional Nordeste I do ANDES-SN. 

Jamil iniciou sua fala compartilhando que, muito mais do que para lançar o seu livro, a sua presença era uma forma de agradecimento ao Nordeste brasileiro por ser resistência e ter salvado a democracia do Brasil. 

Ultimamente, o Brasil tem sido muito elogiado no exterior pela forma pela qual a gente está enfrentando o autoritarismo. Pela forma pela qual nós julgamos e condenamos um líder que tentou dar um golpe, inclusive os seus militares. Mas a verdade é que, se não tivesse sido pelo Nordeste, Bolsonaro não teria sido derrotado. E talvez nós não estivéssemos aqui. Então, eu quero dizer para vocês: Viva o Nordeste, que salvou a democracia brasileira”, pontuou Chade.

Durante sua fala, o jornalista ressaltou também que a democracia vive uma grande ameaça no mundo inteiro e é urgente o compromisso com a construção de uma nova democracia. 

É preciso que se assuma um compromisso para construir uma nova democracia. Porque aquela democracia, ou essa ainda que vivemos, não nos serve. É absolutamente insuficiente. E pior: até mesmo essa democracia falha e insuficiente que nós todos conhecemos vive um momento extremamente perigoso. Essa não é a minha opinião – de que a democracia brasileira e do mundo vive uma ameaça. Os núcleos de pesquisas e estudos mostram que os ventos gelados do autoritarismo estão soprando com uma força impressionante”, afirmou. 

Jamil apontou dados do Instituto V-Dem, ligado à Universidade de Gotemburgo, na Suécia, que realiza pesquisas com o intuito de medir a saúde da democracia no mundo. Segundo o Relatório da Democracia 2025, do Instituto V-Dem, cerca de três em cada quatro pessoas no mundo, ou 72% (5,8 bilhões de pessoas), vivem atualmente em autocracias – o nível mais elevado desde 1978. 

“Ou seja, a democracia é um luxo para poucos, um privilégio. E pior, está diminuindo”, relatou. 

A morte da democracia 

O jornalista trouxe também a perpetuação da desigualdade como elemento central entre os desafios para a manutenção da democracia. Para Chade, “a desigualdade é a perpetuação de uma linha divisória no planeta entre oprimidos e opressores, ela é obscena, imoral e criminosa”. 

Dados sobre os super-ricos no mundo também foram compartilhados durante a conferência, tendo em vista que 1% da população mundial aumentou seu patrimônio em cerca de 33 trilhões de dólares nos últimos 10 anos, soma suficiente para eliminar a pobreza do mundo não só uma, mas 22 vezes. Os dados estão disponíveis no relatório “Do Lucro Privado ao Poder Público”, da Oxfam Brasil. 

Jamil provocou também a plateia a pensar sobre o comprometimento com a defesa da democracia. “O que nós estamos dispostos a fazer para defender a justiça, a liberdade e a democracia?”, indagou. Para o jornalista, é possível agir em todos os lugares para a construção da democracia – fortalecendo sindicatos, movimentos e coletivos, realizando ações culturais e até mesmo no cotidiano da vida.  

“A história não vai ser gentil com a gente se abrirmos mão dessa luta”, alertou. 

Jornalismo e Democracia 

Chade pautou também a relevância do jornalismo como uma trincheira essencial para a existência da democracia. O jornalista contou que foi convidado a estar em Israel pelo governo israelense, convite que se dispôs a aceitar caso o governo se dispusesse a atender somente uma das condições de uma lista de dez que o jornalista apresentou. Entre as condições para realizar o trabalho jornalístico em Israel, estavam atividades como a visita a um centro de distribuição de alimentos e a possibilidade de visitar prisioneiros palestinos detidos em Israel. Diante da negativa do governo israelense em atender qualquer uma das condições colocadas para o exercício do jornalismo, Chade declinou do convite. 

Após a palestra, as intervenções e perguntas foram abertas ao público.

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