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JUSTIÇA CLIMÁTICA – Auditório da ADUFC recebe evento do IDEC e Instituto Terramar sobre Greenwashing na Transição Energética 

Na última quarta-feira (20), o Auditório Izaíra Silvino, na sede da ADUFC, em Fortaleza, recebeu o evento “Greenwashing na transição energética: o caso dos data centers”.

Um data center é um espaço físico, do tamanho de vários campos de futebol, onde se armazenam, em supercomputadores, as informações e dados digitais que produzimos cada vez que estamos conectados à internet e quando usamos aplicativos de mensagens de texto e voz, as redes sociais ou nosso email; quando fazemos alguma movimentação bancária, como um Pix; quando usamos um aplicativo de transporte, entre outras situações. 

A instalação de grandes data centers no Ceará e no Rio Grande do Sul vem sendo apresentada como parte de uma transição energética “verde” no Brasil. No entanto, esses empreendimentos levantam uma série de alertas: alto consumo de água e energia, ausência de consulta livre, prévia e informada a comunidades indígenas e tradicionais, e lacunas significativas nos estudos de impacto ambiental.

Esses conflitos locais não são casos isolados. Eles fazem parte de um cenário mais amplo em que projetos de infraestrutura digital vêm sendo impulsionados sob o discurso da inovação e da sustentabilidade, sem considerar, no centro do debate, os seus efeitos socioambientais e climáticos. Muitas vezes, esses discursos “verdes” ocultam os impactos reais sobre territórios e comunidades, configurando estratégias de greenwashing que precisam ser debatidas e denunciadas.

O evento propôs uma análise crítica desses processos e reuniu lideranças indígenas, especialistas, comunicadoras/es e organizações da sociedade civil para discutir os impactos da expansão dos data centers no Brasil e em outros países da América Latina, além de estratégias de resistência territorial.

A mesa de abertura, que contou com a presença de Damny Laya (Idec), Cacique Roberto Ytaysaba (Povo Anacé), Andrea Camurça (Instituto Terramar), Laís Martins (The Intercept Brasil), Roberto Liebgott (CIMI Sul) e Felipe Rocha (Laboratório de Políticas Públicas e Internet – Lapin) pode ser assistida na íntegra no YouTube do IDEC

A atividade contou também com uma rodada de troca de experiências com ativistas e pesquisadores do Uruguai, México, Chile e Estados Unidos sobre a experiência da expansão de data centers em cada país e também estratégias de resistência coletiva.  

A Prof.ª Paola Ricaurte, docente da Escuela de Humanidades y Educación, del Tecnológico de Monterrey e Faculty Associate del Berkman Klein Center for Internet & Society da Universidade de Harvard, compartilhou durante o evento a experiência da cidade de Querétaro, no México.

“Querétaro é um caso que é um paradigma no desenvolvimento acelerado da indústria de dados. Eu acho que esse caso pode ser interessante para outros contextos. Nesse caso, eu considero que se articulam todos os problemas de desenvolvimento dessa indústria. Também podemos aprender desse caso como pensar a relação de deslocamento e os impactos sociais que a população de Querétaro tem enfrentado desde a colonização. Não são impactos novos, e a partir dos governos neoliberais no México, apareceram mecanismos legais que permitem que a indústria de centros de dados possa aumentar sem controle, monitoramento e causar um grande impacto nas populações historicamente vulneráveis. É importante voltar para esse caso e pensar em todos os impactos a partir de uma visão sistêmica do problema. Querétaro nos demonstra que o conflito da água e da terra está associado com as alianças econômicas, políticas, com a fraqueza institucional e com a falta de quadros legais que protejam as comunidades e as terras comunais. E os conflitos também estão associados a uma série de narrativas que acabam distraindo e desinformando as pessoas sobre os reais impactos e a seriedade deles”, compartilhou Paola.  

A professora também destacou a importância da articulação entre os mais variados setores da sociedade para que seja possível se contrapor ao avanço desenfreado dessa nova perspectiva colonial que se instaura a partir dos data centers.

“É necessário achar uma forma de articulação política entre as comunidades, a universidade e os movimentos sociais para enfrentar o problema da falta de informação, mas também para documentar os impactos específicos nas comunidades, não só do uso exacerbado da água e energia, mas também a contaminação do solo, do ar, da água e a perda de terras”, pontuou.

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