(Fotos: Eline Luz/ANDES-SN)
O ANDES-SN realizou, nos dias 29 e 30 de maio, o módulo nacional do Curso de Formação Sindical, com o tema “História das lutas por um movimento autônomo e democrático”. Organizado pelos grupos de trabalho de Política de Formação Sindical (GTPFS), de Organização Sindical das Oposições (GTO) e de História do Movimento Docente (GTHMD), a atividade ocorreu na sede da Regional Planalto do Sindicato Nacional, em Goiânia (GO).
A ADUFC participou da atividade, representada pelo Prof. André Ferreira, presidente da ADUFC, e pela Prof.ª Tânia Batista, docente aposentada da UFC. A atividade contou com a participação expressiva de representantes de seções sindicais e coletivos pró-ANDES, bem como de organizações de trabalhadores/as, culturais e políticas da região, que lotaram o auditório da Regional Planalto.
Após a mesa de abertura, aconteceu a conferência sobre “O papel do Sindicato na atual conjuntura brasileira”, proferida pela Prof.ª Rivânia Moura, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). A ex-presidenta do ANDES-SN fez uma abordagem ampla sobre a luta dos trabalhadores e das trabalhadoras no contexto de crise do capital e os avanços do neoliberalismo e da extrema direita.
A segunda mesa “O Golpe contra o Sindicato Nacional e o debate acerca da concepção sindical (ANDES-SN X Proifes)” foi iniciada com a Prof.ª Jennifer Webb, 1ª tesoureira do Sindicato Nacional, fazendo uma série de proposições sobre a participação no sindicato docente, assim como sobre as diferenças de organização entre ANDES-SN e a Proifes, no que se refere à construção pela base e ao processo democrático. A diretora destacou que, no ANDES-SN, estar em uma diretoria é uma condição temporária.
Conforme Jennifer, seguindo os princípios fundamentais de autonomia e independência frente a governos e administrações, o ANDES-SN, nos seus 44 anos de existência, vem contribuindo para a manutenção da luta em defesa da educação pública e tem se colocado em lutas para além da sua própria categoria.
A diretora lembrou que o ANDES-SN é um sindicato classista. Sendo assim, as pautas da categoria não estão separadas da luta de classes. “Todas as questões da nossa classe precisam passar pela luta do nosso sindicato”, afirmou.
Também compôs a mesa a Prof.ª Tânia Batista, docente aposentada da Universidade Federal do Ceará, que trouxe em sua apresentação uma recuperação histórica, incluindo a da criação da Proifes e dos ataques ao ANDES-SN, e reflexões sobre o que pode ser experimentado no futuro. A professora destacou que em todos os embates, o Sindicato Nacional preservou sua autonomia qualificada, e não de isolacionismo, frente aos governos, partidos e reitorias.
Outro aspecto pontuado por Tânia foi a concepção horizontalizada do ANDES-SN, que se constitui com grupos de trabalho e a partir de seções sindicais, distante da concepção verticalizada da Proifes, uma federação de sindicatos em cujos processos decisórios a base não tem participação.
“O curso de formação sindical é super importante porque ele possibilita que inclusive pessoas que estão entrando na universidade, se aproximando do movimento sindical, possam conhecer a história e trajetória do Sindicato Nacional. E também possam compreender melhor a concepção de sindicato que orienta a prática do ANDES-SN. Esse encontro que aconteceu em Goiânia foi muito importante porque podemos resgatar as tentativas de golpe que a Proifes realizou. E não são tentativas, de fato eles deram um golpe na medida em que transformaram seções sindicais em sindicatos estaduais, locais. As seções sindicais são partes constitutivas do ANDES-SN”, pontuou a Prof.ª Tânia Batista.



Golpes e Seções Sindicais
A terceira mesa do Curso de Formação Sindical, nomeada “Os Golpes nas seções sindicais e a trajetória de sindicatos locais”, trouxe apresentações a partir da experiência de quatro situações diversas. O Prof. Carlos Alberto Gonçalves, da Seção Sindical do ANDES-SN na UFRGS, recuperou a trajetória que vem desde o período FHC, com a reforma universitária e a introdução da inovação, que se expressou em concepções de disputa interna no ANDES-SN, as quais culminaram em uma série de golpes. O Prof. André Ferreira, da ADUFC SSind., e a Prof.ª Fernanda Castelano, da Adufscar SSind., apresentam dois processos muito importantes de disputas eleitorais em sindicatos que estavam vinculados à Proifes e cujas bases decidiram retornar ao ANDES-SN. Já o Prof. Fernando Lacerda, da ADUFG, trouxe a experiência de uma oposição pró-ANDES-SN, que disputa eleições em um sindicato vinculado à Proifes, com todas as dificuldades inerentes a um processo antidemocrático e sem transparência.
“A grande questão é que é um segmento do sindicalismo que não aceita a existência de um sindicato autônomo como o ANDES-SN: independente, que vai para a rua, que pressiona o governo. É preciso fortalecer a luta sindical autônoma e democrática, passando pelo fortalecimento das instâncias de base. Mesmo nos momentos mais difíceis, como a gente viveu na ADUFC, quando a Proifes chegou a ser hegemônica, foi importante as pessoas que mantiveram acesa a chama de um sindicalismo autônomo e democrático e, no momento que a conjuntura se modificou, pela precarização das relações de trabalho, a base do sindicato se levantou, organizou e conseguiu resistir a esse processo de burocratização e reverteu mediante eleições e da luta cotidiana”, compartilhou o Prof. André Ferreira.
Para encerrar, a última mesa abordou as estratégias de enfrentamento em defesa do ANDES-SN. O Prof. Diego Marques, da UFBA, recuperou, em sua apresentação, as disputas entre a concepção de associação e de sindicato, que marcaram a história do movimento docente até a resolução pela opção da concepção sindical. Ao acompanhar a trajetória dessa disputa, o enfoque foi no sentido de entender como essas compreensões repercutem em posições de setores hoje presentes nas bases proifeanas, influenciando o resultado de processos eleitorais. Já a Prof.ª Artemis Martins, do IFCE, fez uma discussão sobre a atuação sindical e sua relação com a crise do sistema capitalista, com foco nos modelos de organização sindical representados pelo ANDES-SN e pelo Sinasefe.
“Foi um momento em que os retornos ao ANDES-SN, da ADUFC e da ADUFSCar, foram também colocados como experiências exitosas, que foram apresentadas para subsidiar também a formação e o enfrentamento dessa realidade que a gente quer entender para se contrapor cada vez mais e melhor, que é de um sindicato que não deve ser pautado por esse processo de burocratização e de distanciamento da base”, ressaltou a 1ª tesoureira do ANDES-SN.
Fonte: ANDES-SN




