45 anos de uma trajetória de lutas e resistências no campo sindical se constrói a partir de um chão firme feito por pessoas dispostas a enfrentar as contradições, desigualdades e injustiças de um país como o Brasil. É um caminho também que se faz de mãos dadas, alimentando sempre a intenção de acertar o passo que leva à construção de uma vida mais digna e justa para todo o povo brasileiro.
A luta se faz também com alegria e celebração, afinal, é preciso comemorar cada ano de dedicação coletiva para chegar a quatro décadas e meia de existência! Com muita pulsão de vida, a festa dos 45 anos da ADUFC foi realizada na última sexta-feira (9), no Bouganville Buffet, em Fortaleza. A abertura da celebração, que contou com centenas de associados/as e diversos parceiros/as de luta, ficou a cargo da DJ Lua Magnética, que trouxe um repertório musical de brasilidades embalando a chegada dos/as participantes. Em seguida, o espaço foi preenchido pelo forró contagiante de Juruviara, que animou os/as docentes para a pista de dança.


A Profª. Irenísia Oliveira, presidenta da ADUFC, saudou os/as docentes sindicalizados/as, assim como os/as representantes de movimentos sociais e sindicatos parceiros presentes durante a comemoração, e compartilhou durante sua fala a felicidade em ver a festa dos 45 anos acontecer de forma tão exitosa. “É uma alegria ver a nossa festa tão animada, com tantos amigos/as e colegas se confraternizando hoje comemorando os 45 anos da nossa ADUFC. Uma entidade sindical que nasceu ainda na época da ditadura como parte das lutas democráticas, assim como nosso sindicato nacional, o ANDES-SN, e que até hoje cumpre esse papel, porque estamos vendo na pele, na carne, que a democracia precisa sempre ser defendida num país desigual como o nosso. Então, hoje, nós precisamos comemorar bastante porque construímos uma entidade que é parte importante e fundamental, sólida, na defesa da democracia do país. A ADUFC merece toda a nossa comemoração e homenagem nesses 45 anos!”, declarou.
A nova diretoria eleita para o biênio 2025-2027 estava representada, durante as saudações na celebração, pela Profª. Maurilene do Carmo, que ocupará o cargo de vice-presidente na nova gestão do sindicato. “Estou aqui representando a nova diretoria eleita para o biênio 2025-2027, dizer da nossa alegria de sermos anunciados aqui na festa dos 45 anos da ADUFC. Falar da importância histórica desse sindicato, do compromisso com a defesa da universidade pública, da educação pública, das lutas democráticas e também da formação de vários educadores e educadoras”, pontuou.
Entre os parceiros de lutas e resistências presentes na celebração dos 45 anos, estava Andréia Castro, da Coordenação Nacional do Movimento dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais Sem Terra (MST). Para ela, a valorização e fortalecimento de um sindicato reconhecidamente combativo em sua trajetória é fundamental. “É importante ter um sindicato como a ADUFC com 45 anos de luta, de resistência, um sindicato ativo, preocupado com as causas, que está sempre presente, contribuindo também com as lutas do Movimento Sem Terra. É importante ressaltar a necessidade, cada vez maior, de fortalecer o sindicato, porque é um sindicato aguerrido, preocupado com as injustiças e com as lutas sociais. Vida longa à ADUFC!”, afirmou.
Dos parceiros da Educação, o Sindicato dos Servidores do IFCE (SINDSIFCE) marcou presença durante a comemoração. Cezar Amario, da Coordenadoria Geral de Formação Política e Relações Sindicais do SINDSIFCE, destacou a relevância do papel de articulação entre movimentos e sindicatos realizado pela ADUFC durante sua trajetória. “Comemorar os 45 anos da ADUFC é um momento muito importante, é um momento que representa várias conquistas da categoria. E, além disso, a ADUFC tem sido um espaço de articulação de outros movimentos sociais, outras lutas, para além da luta do movimento sindical. É um sindicato histórico, de luta, e fazer 45 anos hoje representa simbolicamente a luta da Educação federal e dos/as docentes na defesa de seus direitos. Eu gostaria de destacar a parceria que a ADUFC tem com outros sindicatos, como é o nosso caso, o SINDSIFCE. No ano passado, por exemplo, na greve, a nossa articulação – do SINDSIFCE, da ADUFC e do SINTUFCE – foi muito importante na condução da greve da Educação Federal. A gente deseja vida longa à ADUFC”, destacou.
O entusiasmo de poder celebrar com orgulho a história construída até então se mistura também com a energia necessária para encarar os desafios do presente e do futuro. Para o Prof. Rafael Silva (Crateús/UFC), presidente da Comissão de Direitos Humanos da UFC, celebrar é um ato que envolve a coletividade. “Celebrar algo é um ato coletivo para fazer memória do passado, se alegrar com o presente e indicar o futuro possível. Nesse sentido, celebrar os 45 anos da ADUFC é antes de mais nada renovar o sentimento de pertencimento à história da docência no Ceará, mas sobretudo renovar a esperança de que lutar valeu e continua a valer a pena”, afirmou.
Sobre os desafios ainda presentes na luta sindical docente, a Profª. Denise Da Costa, do Instituto de Humanidades (UNILAB), pontuou durante a festa a necessidade de avançar ainda mais na diversidade racial do corpo docente das universidades federais. “Em primeiro lugar, eu quero dizer que sou uma mulher negra, uma mulher mineira, e isso não me define porque eu acho que a diáspora negra é um lugar no espaço, então, celebrar é um princípio, é um fundamento para as populações negras, africanas e diaspóricas. A ADUFC tem um papel fundamental de articulação e de proteção dos professores daqui do Ceará, ela é de uma imensa importância. Mas eu queria falar um pouco que nesse espaço (…) não sinto como uma festa totalmente minha ainda, (…) faltam professores/as negros e a UFC tem que se enegrecer. Eu não poderia [deixar de] falar da questão racial, de tensionar a questão racial, e a nossa festa não se faz sem essa celebração também dessas pessoas”, pontuou.
A Profª. Maria Inês Escobar, secretária-geral da ADUFC, apontou o momento de celebração dos 45 anos do Sindicato, como um tempo também de lembrar o comprometimento da luta sindical com a construção permanente de uma universidade mais democrática e inclusiva. “Neste marco de 45 anos, a ADUFC também reafirma seu compromisso com a construção de uma universidade verdadeiramente democrática, antirracista e inclusiva. Celebrar essa trajetória é reconhecer que a luta sindical está intrinsecamente ligada à defesa das ações afirmativas, ao combate às desigualdades históricas e à promoção da diversidade no espaço acadêmico. A ADUFC tem sido parceira ativa na luta pela ampliação do acesso e condições de permanência no ensino superior para populações historicamente marginalizadas. As universidades federais do Ceará ainda precisam refletir a diversidade presente na sociedade brasileira no seu corpo docente e nos cargos de gestão. Celebrar 45 anos de ADUFC é também uma homenagem às lutas por justiça social e equidade racial que fortalecem o sentido público da universidade brasileira”, afirmou.
Já a Profª. Glícia Pontes, Pró-reitora Adjunta de Cultura da UFC e docente do curso de Comunicação Social – Publicidade e Propaganda (UFC), ressaltou a importância do sindicato ser um local de permanente construção coletiva e de encontros baseados em partilhas afetuosas. “É uma grande alegria comemorar os 45 anos da ADUFC, um espaço histórico de luta, de defesa da democracia e da educação pública. Melhor ainda é estarmos reunidos e reunidas em festa para celebrar e sempre lembrar que a luta vale a pena e que o sindicato é, também, um lugar de encontros, de afetos e de construção coletiva permanente. Vida longa à ADUFC!”, afirmou.
A festa seguiu durante toda a noite de sexta-feira (9) permeada de boas risadas, encontros, partilha de ideias e muita dança, afinal, celebrar também é resistir.










