A Campanha Fora Bolsonaro realizou, no último sábado (2/10), atos em todo o Brasil contra o governo federal. Desde as primeiras horas da manhã, o dia foi marcado por manifestações que percorreram o Brasil de norte a sul. Foi o sexto dia de luta pela saída do atual presidente e em defesa da vida, reunindo centenas de milhares de pessoas. Em Fortaleza, Frente Brasil Popular, Frente Povo Sem Medo e Fórum Sindical, Popular e de Juventudes de Luta pelos Direitos e pelas Liberdades Democráticas organizam manifestação, que partiu da Praça Clóvis Beviláqua (da Bandeira), em direção à Praça do Ferreira, ambas no Centro. Outras seis cidades do interior do Ceará também registraram atos. Na capital, os organizadores estimaram ter reunidos cerca de 50 mil manifestantes.
As principais bandeiras do ato deste sábado foram: defesa da vida, da democracia, do emprego e contra a alta dos preços dos alimentos, do gás de cozinha e da conta de luz, além da luta contra as privatizações. Em todo o Brasil, os/as manifestantes também foram às ruas em defesa dos serviços públicos dizendo “não” à Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 32/2020, da Reforma Administrativa; e por “Fora Bolsonaro e impeachment já!”. Docentes da base do ANDES-SN mais uma vez se juntaram às manifestações, que ocorreram em todas as capitais brasileiras e em mais de outras 300 cidades no país e no exterior.
Seguindo a agenda de lutas dos últimos meses, a ADUFC-Sindicato participou ativamente dessas mobilizações. “Estamos aqui para dizer ‘não’ a um governo que também negocia propina de vacina, que faz com que todos os brasileiros passem por dificuldades maiores do que as que já estamos vivendo nessa pandemia. Estamos mergulhados em uma crise absurda, com os preços cada vez mais altos nos supermercados, nos postos de gasolina…”, disse o presidente da ADUFC-Sindicato, Prof. Bruno Rocha, em diálogo via carros de som com os comerciantes e transeuntes, na saída dos/as manifestantes pelas ruas do Centro de Fortaleza.
“Se tá tudo caro, a culpa é do Bolsonaro”, acrescentou o docente, repetindo um dos bordões nacionais levantados neste 2 de outubro. O Prof. Bruno Rocha também classificou a gestão de Bolsonaro como um “governo de morte que se nega a conceder vacina ao povo brasileiro, que não usa a ciência, que não dá o ao brasileiro o direito de se proteger”. Vários/as dirigentes e professores/as filiados à ADUFC também participaram das manifestações em Fortaleza e interior e distribuíram máscaras PFF2 e frascos de álcool gel durante os atos.
Na Praça do Ferreira, ao fim da manifestação e pouco antes das intervenções culturais e abertura da bandeira brasileira em tamanho gigante, o presidente da ADUFC fez uma fala final representando os servidores públicos federais, estaduais e municipais, em agradecimento público aos/às deputados/as federais cearenses presentes e que auxiliaram diretamente nas mobilizações e na pressão contra a PEC 32, que pretende destruir os serviços púbicos. Entre esses parlamentares, estavam André Figueiredo (PDT) e Luizianne Lins e José Guimarães, ambos do PT. A PEC 32 foi amplamente criticada nos atos em todo o país. Servidores/as públicos/as denunciaram o projeto de Bolsonaro e Paulo Guedes, ministro de Economia, que pode significar o fim dos serviços públicos e gratuitos no Brasil.
Contra o desemprego e a extrema pobreza, heranças de Bolsonaro
Pela primeira vez, a capital contou com a participação unificada das principais lideranças dos partidos de oposição a Bolsonaro no Congresso Nacional e nos estados: PT, PSOL, PCdoB, PDT, PSB, PCB e UP. Diante dos mais recentes ataques antidemocráticos proferidos pela base de apoio do presidente no último dia 7 de setembro, o ato do dia 2/10 contou com a adesão maciça da população, que, hoje, sofre com o caos na saúde, cortes da educação, na ciência e tecnologia, desemprego e inflação galopantes, miséria e fome. Na manifestação em Fortaleza, falas políticas e intervenções culturais também marcaram a mobilização pelas ruas e avenidas do Centro.
Segundo o Cadastro Único do governo federal, pelo menos 2 milhões de famílias entraram para a condição de extrema pobreza, entre janeiro de 2019 e junho deste ano. Com isso, já são 14,7 milhões de brasileiros vivendo com menos de R$ 89 por mês. O custo de vida também não para de subir. A cesta básica ficou, em média, 22% mais cara nos últimos 12 meses, de acordo com dados do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).
O desemprego é outro fator preocupante. São 14 milhões de pessoas sem conseguir emprego e mais de 50 milhões na informalidade. Com isso, o Brasil atingiu a triste marca de 46 milhões de pessoas vivendo sem renda proveniente do trabalho.
Ceará mobilizado: mais seis cidade registram atos contra o desgoverno
Pelo menos seis grandes cidades do interior cearense registraram manifestações semelhantes no dia 2 de outubro. Em Juazeiro do Norte, o ato ocorreu no Centro da cidade, reunindo centenas de pessoas de toda a região do Cariri. “Estamos nas ruas mais uma vez pra gritar ‘Fora, Bolsonaro’ porque está impossível este governo. Estamos vendo o crescimento da fome, vertiginosamente, nesse país. E, além disso, quase 600 mil pessoas morreram pela Covid-19 e sabemos que a grande maioria dessas mortes poderia ter sido evitada se tivéssemos um governo com o mínimo de preocupação com o serviço público, com a saúde pública e com o bem público”, disse o Prof. Tiago Coutinho, da Universidade Federal do Cariri (UFCA) e diretor de Atividades Científicas e Culturais da ADUFC.
Em Juazeiro, a concentração deu-se na Praça da Prefeitura, com a presença de representantes sindicais de várias categorias, incluindo professores/as, de movimentos sociais e de partidos políticos; além de estudantes também de cidades próximas, como Crato, Barbalha, Missão Velha e Brejo Santo. Após a concentração, os/as manifestantes desceram pela Rua São Pedro em direção à Praça Padre Cícero, entoando palavras de ordem e dialogando com os/as trabalhadores/as do comércio. Canindé, Russas, Sobral, Iguatu e Viçosa do Ceará também registraram manifestações de rua contra o governo.
Os organizadores/as da Campanha Fora Bolsonaro afirmaram que a continuidade do governo genocida que está em curso e de seu projeto autoritário de destruição do país e das conquistas da classe trabalhadora segue cobrando uma reação imediata de toda a sociedade comprometida com os direitos sociais, com a soberania nacional e com os valores democráticos. Nesse sentido, saudaram todas as mobilizações e iniciativas que vieram a somar forças na luta pelo fim imediato do governo Bolsonaro.
(*) Com informações do ANDES-Sindicato Nacional