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ADUFC repudia violência policial contra Mestre Nena, de Juazeiro do Norte, e cobra apuração das agressões

A ADUFC-Sindicato vem a público repudiar as agressões sofridas por Francisco Gomes Novaes, mais conhecido como Mestre Nena, no último fim de semana, em Juazeiro do Norte. Também reforçamos a solidariedade ao mestre e reivindicamos a apuração do episódio e punição dos responsáveis. A cidade, localizada no sul do Ceará, já é conhecida pelas romarias do Padre Cícero, pela biodiversidade presente na Chapada do Araripe, pela diversidade cultural, mas também pelas violências, como as vinculadas a feminicídios.

Infelizmente, o ano de 2023 já inicia com a repercussão de mais um caso de violência policial. No último sábado (21/1), o mestre Nena, de 71 anos, Tesouro Vivo da Cultura do Estado do Ceará, foi agredido verbal e fisicamente pela Polícia Militar ao acompanhar uma abordagem policial ocorrida próximo à sua casa, no bairro João Cabral. O mestre relata ter recebido tapas e chutes em diversas partes do corpo e ter sido xingado inúmeras vezes.

Mestre Nena é uma referência no fomento da cultura e da tradição em seu bairro. Sua casa é, desde 2019, um museu orgânico, que contém fotos, bacamartes, espadas, indumentárias que contam um pouco dos 50 anos de atuação na cultura popular. Em 2022, foi titulado como Tesouro Vivo da Cultura do Estado do Ceará, em reconhecimento por sua atuação na difusão de tradições e saberes das manifestações que resguarda.

Atuando desde os 12 anos de idade em grupos de Reisado e de Guerreiro, criou em 2006 os Bacamarteiros da Paz, até hoje o único grupo de bacamarte do Ceará, visando recontar o legado do cangaço através de passos de xaxado, coco e dando um novo significado para a utilização das armas, usadas para animar a brincadeira e promover a paz, ao contrário do ocorrido no último final de semana. O episódio repercutiu fortemente por evidenciar a brutalidade policial contra pessoas da periferia e racializadas, não importando sua idade ou sua atuação na comunidade.

A lógica militarizada da polícia no Ceará já foi incontavelmente apontada como violenta, cujas ações truculentas não se limitam a um despreparo na abordagem, mas representam um projeto de segurança pautado no racismo e na opressão de classe que ferem a dignidade humana e seus direitos. Segundo levantamento da Rede de Observatórios da Segurança, 87% dos mortos por intervenção policial no estado são pessoas não brancas, confirmando que o episódio vivido pelo Mestre Nena não é um caso isolado, mas parte de uma prática já corriqueira.

Pela violência sofrida ao mestre, repudiamos a ação policial e exigimos que medidas sejam tomadas para apuração do ocorrido e penalidade aos envolvidos.

Fortaleza, 23 de janeiro de 2023
Diretoria da ADUFC-Sindicato
Gestão Resistir e Avançar (Biênio 2021-2023)

Seção sindical dos Docentes das Universidades Federais do Estado do Ceará

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