A urgência da revogação do Novo Ensino Médio (NEM) foi discutida em roda de conversa composta por estudantes e docentes, no auditório da ADUFC em Fortaleza na noite da última terça-feira, 26. A partir da troca de experiências e relatos da atual situação da educação básica no Ceará, o grupo aprovou encaminhamentos para dar seguimento à mobilização, tais como realizar atividades sobre o tema nos Encontros Universitários e acionar diversos setores da UFC, UFCA e UNILAB para interpelar o governo do estado sobre a formação inicial e continuada de professores.
Com um grupo bem representado por estudantes secundaristas, professores de licenciaturas do Centro de Humanidades, do Centro de Ciências, do ICA e da FACED, da UFC, e da UNILAB, assim como estudantes do ensino superior, graduação e pós-graduação, a roda de conversa ampliou as discussões sobre a reforma do Ensino Médio trazendo diferentes perspectivas.
Em breve contextualização e análise do cenário atual, o Prof. Idevaldo Bodião, aposentado do Deptº. de Teoria e Prática do Ensino (FACED/UFC), levantou diversos pontos sobre a reforma do Ensino Médio e destacou o caminho que esse modelo de ensino tomou, desde sua aprovação, há cinco anos, até a precarização da formação de estudantes, gerando sobrecarga a docentes. Com o governo Lula, a pressão da sociedade civil organizada e de diferentes entidades, sindicatos e outros importantes agentes foi intensificada. Até o momento, o Ministério da Educação respondia insatisfatoriamente à revogação.
Relatos sobre o NEM
Uma série de problemas foram relatados tanto por docentes e estudantes que têm sido diretamente impactados pela implementação do NEM, quanto por pesquisadores do tema e militantes da educação. A estudante Beatriz Melo, que também é diretora da União de Estudantes Secundaristas da Região Metropolitana de Fortaleza (UESM), observa que, antes mesmo da revogação da reforma, é importante que se discuta a reestruturação orçamentária do ensino médio para que as escolas funcionem de fato, e completa que “a reforma é elitista e desvaloriza o professor, que ensina conteúdos de fora da sua área”.
Além de reforçarem essas questões, os/as professores/as presentes relataram o afastamento entre universidades e escolas, que por um lado diz respeito à adesão da comunidade acadêmica ao debate sobre o NEM, que ainda é insuficiente, e por outro lado essa distância tem sido provocada pela gestão da educação no Estado, que tem criado barreiras aos programas de extensão das universidades nas escolas. Como observa a presidenta da ADUFC, Profª Irenísia Oliveira, “se de fato queremos melhorar a qualidade da educação pública, a universidade precisa estar aí, não pode estar escanteada como sinalizado aqui pelos relatos”.
Mobilização coletiva e incidência na política
A fim de ampliar os caminhos para o diálogo e mobilização em diferentes instâncias, o grupo apontou que é preciso acionar a UFC institucionalmente a partir da Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), da Pró-Reitoria de Extensão (PREX) e do Grupo de Trabalho de Licenciaturas (GTL), assim como a Universidade Federal do Cariri (UFCA) e a UNILAB, para interpelar o governo do estado sobre a formação inicial e continuada de professores. A sensibilização para o tema também vale para estudantes, para os quais se pensou um debate em outubro, promovido por entidades estudantis e a ADUFC. Além disso, também foi sugerida uma atividade sobre o NEM nos Encontros Universitários, que acontecem de 8 a 10 de novembro.
A mobilização nacional também foi pautada pelo Prof. Bodião, que recomendou o acompanhamento do novo Projeto de Lei enviado pelo MEC à Casa Civil como minuta, na última sexta-feira (22). Ainda que esteja sendo considerado uma vitória pelos movimentos ligados à educação, segundo o professor, é preciso jogar luzes sobre o novo PL e pensar como intervir, enquanto categoria da educação, nas esferas legislativas estaduais e federais. A ideia é estimular que os colegiados da UFC produzam notas e se manifestem publicamente sobre o novo PL do ensino médio, que será enviado pelo governo ao Congresso Nacional.
Entre outros encaminhamentos, estão:
- Mesa de debates no Campus do Pici para ampliar a discussão na universidade;
- Conversa com a Pró-Reitoria de Extensão, com as coordenações da Residência Pedagógica e do PIBID, para refletir e incidir sobre o tema;
- Organizar formações em escolas sobre o Novo Ensino Médio, envolvendo professores e gestões escolares.