Sem qualquer debate prévio, a administração superior da Universidade Federal do Ceará (UFC) pegou a comunidade acadêmica de surpresa ao confirmar, em matéria publicada no último dia 28/10 no jornal O POVO, que está dando andamento a um processo de fusão entre a editora Edições UFC e a Imprensa Universitária. O assunto deve ser incluído na pauta de reunião do Conselho Universitário (CONSUNI) ainda em novembro, mas não foi discutido internamente nem há informações divulgadas pela Reitoria sobre o tema. A ADUFC-Sindicato vai acompanhar a situação e repudia que o processo tenha sido iniciado sem qualquer consulta aos setores da Universidade nem auditorias ou levantamentos.
O processo que pode resultar na fusão entre os dois setores está em andamento junto à Pró-Reitoria de Planejamento e Administração (PROPLAD) e ainda deve ser apresentado ao CONSUNI. Depois da votação, caso seja aprovado, haverá eleição de novos conselheiros para o Conselho Editorial e redefinição da política editorial. Diante do silêncio da administração superior, que trata o tema como questão meramente administrativa e financeira, ainda não se sabe como será esse novo órgão a ser criado caso a fusão se consolide. Além de tudo, é precipitado votar uma mudança dessa magnitude já em novembro, com um CONSUNI desfalcado, sem a presença de estudantes e técnico-administrativos/as, e em Plenário Virtual.
A Imprensa Universitária opera hoje no formato de gráfica rápida. O jornalista Gilmar de Carvalho acompanha com preocupação esse processo de fusão, temendo pelo comprometimento do prestígio e da qualidade conquistados pelas publicações UFC. “Se querem fundir, a primeira coisa que deveria ter sido feita é reequipar a Imprensa Universitária. Sem esse reequipamento, vai ser sempre uma relação assimétrica”, opina.
Outra questão incômoda é a falta de transparência com que o processo foi iniciado. “Se fosse tratado com seriedade, teriam sido feitas auditorias nas duas empresas, a comunidade universitária teria sido ouvida, seriam levados profissionais de grandes gráficas do Ceará para a Imprensa Universitária. Como a fusão foi anunciada, parece que é algo muito natural. E não é. Porque há essa assimetria e não é levada seriamente”, avalia Gilmar de Carvalho.
A Profª. Adelaide Gonçalves, do Departamento de História da UFC, diz que recebeu a notícia de tentativa de fusão com “indignação, surpresa e tristeza”. “Não entendo como uma instituição universitária pode falar na fusão de uma editora e de uma Imprensa Universitária, não entendo a lógica desse raciocínio obtuso derivado da perspectiva empresarial. O compromisso da universidade pública é com o saber. A criação das editoras universitárias representa precisamente a mais ampla difusão do conhecimento e das pesquisas por nós produzidas”, destaca.
Para a docente, é fundamental que a ADUFC-Sindicato e a comunidade universitária acompanhem e se mobilizem contra essa tentativa de esvaziar a editora da UFC, que vem sendo conduzida de forma arbitrária e sem debate com os setores da Universidade.
Editora é espaço de disseminação de
pesquisa e saber produzidos na universidade
A Edições
UFC produz livros resultantes de atividades vinculadas à graduação, pesquisa ou
extensão; publicações de qualquer teor “reconhecidas como de excepcional
qualidade” pelos membros do Conselho Editorial e/ou consultores; e obras
derivadas de dissertação e teses produzidas nos programas de pós-graduação da
UFC.
O catálogo da editora conta com livros de 61 áreas de conhecimento. No site da editora é possível fazer o download gratuito de alguns e-books desse catálogo.
Já a Imprensa Universitária, cuja história teve início em abril de 1956, atua com impressão em off-set de livros periódicos e outros materiais de grande tiragem e impressão digital – equivalente a gráfica rápida – para publicações de pequenas tiragens e material administrativo; e edição e publicação eletrônica de e-books em PDF, que são publicados no Repositório Institucional da UFC. A unidade produzia os livros utilizados no Vestibular da UFC e as provas da seleção antes da adesão ao Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) como processo seletivo.
(*) Com informações do jornal O POVO